terça-feira, 21 de abril de 2009

O que nos impede criar nossa Nollywood?

História, ciência, tecnologia, comunicação. Nicho, segmentação, pós-modernismo, fragmentação, identidades, generos multiplos, diversidade. Produção, propaganda, formação de público, mercado, consumo. Intercâmbio, publicidade, investimento, expansão. Cinema iraniano, japonez, argentino, chinês, indiano, americano, afro-americano, angolano, moçambicano, senegalês, de Burkina Fasso... Jogadores trocam camisas no final da partida. Escritores trocam livros. Empreendedores empregam, empregam-se... E o cinema afro-brasileiro ou afro-descendente como preferem os políticamente corretos?


Geraldo Nascimento me emprestou o documentário Bailes, produzido pelo Quilombhoje - Literatura, cujo ao roteiro original dei minha modesta colaboração. Lembrei de Grafite, Lilian Solá Santiago; Família Alcântara, de Daniel Santiago; Carolina, de Jefferson De; Filhas do vento, Joel Zito Araújo, dentre outros. A Cooperifa criou o projeto Cinema na laje. Algumas outras emissoras, além da TV Cultura, com os programa Zoom e DocTv, têm aberto espaço para o curta e documentários: TV Brasil, TV Senado, Canal Brasil. Não vou me estender porque estou limitado a rede aberta e parabólica, e deleito de vez em quando sinal à cabo em casa de amigos. A verba anda curta para mini-parabólicas Sky, Telefonica e Directv, únicos sinais disponíveis na Cidade Tiradentes. E se não estiver enganado tem também o da Embratel, via satélite, mas ainda não conferi. Mesmo assim, por enquanto, me contento. Não saberia o que fazer com mais de uns seis ou oito canais e certamente não iria ter espaço para guardar tantos dvds gravados. Sou um tanto compulsivo, cujo lema "Melhor morrer de congestão do que por inanição" tem me feito extrapolar limites. Mesmos os digitais. Coisas desses tempos de segmentação de mercado e informação excessiva. Mas não é para fazer propaganda gratuita que estou escrevendo este artigo. E, sim, para indagar sobre o que nos impede criar a nossa Nollywood? Recordo 1978, a primeira passeata do MNU e faço um paralelo com Todos à bordo (Get On The Bus), 1996, de Spike Lee, para mim tão contundente quanto Faça A Coisa Certa (Do the Right Thing), 1989. Desde que li o artigo de Israel Punzano - El País, essa pergunta não me sai da cabeça.

Chegou a vez de “Nollywood”, o cinema feito na Nigéria




Hollywood ou Bollywood não são os únicos grandes reinos do cinema. Para completar o mapa é preciso incluir a Nigéria e sua singular produção da sétima arte: Nollywood, a terceira produtora de filmes do mercado mundial, atrás de seus concorrentes americanos e indianos.

(...)

Em Nollywood não há tapetes vermelhos nem multidões nas estréias: os filmes são feitos com câmera digital na mão, vendidos nos mercados e consumidos em casa em formato de DVD ou VCD. (...)

“Fazemos longas-metragens que em sua maioria não estréiam nos cinemas porque nos concentramos no vídeo digital. A distribuição em salas é muito reduzida porque praticamente não existem, mas alguns filmes são exibidos em teatros”, explica o diretor e ator Fred Amata. “Na realidade os filmes de Nollywood são vistos no mundo todo, porque nosso cinema é uma ponte de união entre os nigerianos que vivem em nosso país e os que foram para o estrangeiro”, acrescenta o cineasta (...)

Quando começou esse movimento? Quando chegaram às mãos dos comerciantes os primeiros reprodutores de vídeo digital, no início dos anos 90. Como tinham muito pouca saída, começaram a vendê-los acompanhados de filmes americanos e indianos, que quase não interessavam aos espectadores. Naquele momento, a violência nas ruas nigerianas as tornava intransitáveis à noite. Apesar da gravidade da situação, o contexto era ideal para promover entretenimentos caseiros.

Em 1992 ocorreu o milagre, com um grande sucesso do diretor Chris Obi Rapu, “Living in Bondage” [Vivendo no cativeiro], a história de um homem que fica preso em uma seita ocultista. “Na realidade, a indústria de cinema nigeriana é muito antiga e já se faziam filmes nos anos 50. Mas a indústria moderna, baseada no formato digital, é recente e começou a despontar há 17 ou 18 anos. Atualmente dá trabalho direta ou indiretamente para 2 milhões de pessoas”, diz Emeruwa.

‘O custo desses filmes varia em média entre 16 mil e 20 mil euros, mas os diretores salientam que para fazer um bom filme são necessários no mínimo 50 mil. A partir de “Living in Bondage” tudo ficou mais fácil, apesar de as filmagens toparem muitas vezes com as práticas extorsionários das máfias locais. A corrupção é exatamente um dos temas recorrentes nos filmes de Nollywood, que tem suas predileções em questão de gêneros. “O que mais passamos é drama, tanto o romântico como aquele que envolve histórias familiares”, diz Bond Emeruwa. “Alguns filmes mais épicos falam do passado, enquanto a maioria se concentra em problemas contemporâneos.”

Por Israel Punzano - El País

Disponível na integra em:
http://spoilermovies.com/2008/06/16/chegou-a-vez-de-nollywood-o-cinema-feito-na-nigeria/
Acesso em: 15/03/2009

Links relacionados:


Chegou a vez de “Nollywood”, o cinema feito na Nigéria
http://spoilermovies.com/2008/06/16/chegou-a-vez-de-nollywood-o-cinema-feito-na-nigeria/





Hollywood africana é a terceira maior indústria de cinema do mundo




Produtoras da Nigéria incentivam venda de filmes por camelôs
http://cinema.terra.com.br/interna/0,,OI2074782-EI1176,00-Produtoras+da+Nigeria+incentivam+venda+de+filmes+por+camelos.html

Hollywood africana tem o terceiro maior faturamento do mundo
http://cinema.terra.com.br/interna/0,,OI2052066-EI1176,00-Hollywood+africana+tem+o+terceiro+maior+faturamento+do+mundo.html







Mostra de Cinema da África e da Diáspora Negra “Espelho Atlântico” http://www.irohin.org.br/onl/new.php?sec=news&id=3168


Clássicos Africanos Restaurados
http://www.cinefrance.com.br/cinemateca/colecoes/?colecao=32



Bem, diante deste banquete, creio que o estimado leitor deve estar com inquietações similares. As entidades do movimento negro, em sua maioria, ainda não acordou para a importância do registro audiovisual como também em projetos de capacitação para incentivo da lei 10.639. A nova safra de estudantes, atores, produtores, fica à mercê do que é imposto para não ficar sem trabalho ou campo de pesquisa. Os veteranos de peso, Ruth de Souza, Léa Garcia, Zózimo Bubul, Ari Cândido Fernandes, orixás assentados em terra, cujo chão por eles pisado devemos e temos obrigação de beijar permanecem desconhecidos pelas novas gerações e paparicados por morcegos. Depois, quando cantam pra subir, choramos o leite não degustado. A dica de pesquisa inicial para quem mora em São Paulo é a valiosa midiateca do Instituto Cultural Itaú, o acervo e arquivos empoeirados da USP, do Museu da Imagem e do Som. Fiquei sabendo que Negrafias 2 vem por ai. Tomara que além de literatura, dramaturgia e quadrinhos, os organizadores incluam também roteiros pra cinema. E, uma galera de responsa logicamente se disponha a produzir. Por enquanto, a matraca fica aberta.

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Oubí Inaê Kibuko - tamboresfalantes@ig.com.br

2 comentários:

  1. REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA! 1 PARTE
    Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada a elite mundial, é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criou-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndio descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosas quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc. Movimento Revolucionario Socialista QUILOMBOLIVARIANO
    vivachavezviva.blogspot.com/
    quilombonnq@bol.com.br
    Organização Negra Nacional Quilombo
    O.N.N.Q. Brasil fundação 20/11/1970
    por Secretário Geral Antonio Jesus Silva

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  2. REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA! 2PARTE

    Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder Zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história do nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Oswaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam.Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Argnetina,Boliviana, Peruana,Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma , não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che, Viva Martin Luther King,Malcolm X Viva Oswaldão, Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma,Rafael Correa, Fernado Lugo, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva osTrabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados. Movimento Revolucionario Socialista QUILOMBOLIVARIANO
    vivachavezviva.blogspot.com/
    quilombonnq@bol.com.br
    Organização Negra Nacional Quilombo
    O.N.N.Q. Brasil fundação 20/11/1970
    por Secretário Geral Antonio Jesus Silva

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